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A parábola da mangueira de jardim

By on ago 5, 2015 in Coisas do Alto |

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Jesus foi mestre no uso de parábolas. Ele soube muito bem ilustrar o que queria ensinar com elementos da cultura de sua época. Ele usou elementos da agricultura (a parábola do semeador, o grão de mostarda, os trabalhadores e os turnos de trabalho), da pecuária (as ovelhas e o pastor) e até da culinária (o fermento dos fariseus). Se Jesus vivesse nos dia de hoje, e em nosso meio, quais os elementos que ele poderia usar?

Penso que seria interessante termos uma parábola sobre a mangueira de jardim, aquela que é usada para molhar ou regar as plantas. A mangueira de jardim pode ser usada para ilustrar a nossa forma de servir a Deus. Consideremos que nós somos as mangueiras, o Evangelho é a água, o jardineiro é o Espírito Santo, e o jardim são as pessoas que servimos.

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A função da mangueira de jardim é simples. Ser um meio para que o Reino de Deus (a água) seja levado a muitas pessoas (o jardim), através da orientação do Espírito Santo (o jardineiro). A mangueira, em si mesma, nada pode fazer. Porém, quando está conectada à torneira, ou seja, a Deus, é canal das bênçãos de Deus para todos os que estão próximos.

As mangueiras não são todas iguais. Pelo contrário, existem mangueiras de vários tipos, várias bitolas, várias terminações. Há mangueiras com uma bitola maior, capazes de levar mais água. Há mangueiras mais longas que alcançam mais longe. Há mangueiras com esguichos, que conseguem de uma só vez atingir uma grande área. Inclusive algumas são propositalmente furadas para distribuir água ao longo de seu comprimento, e não somente na sua ponta. Cada uma tem a sua função e lugar.

Para que possa ser usada, a mangueira tem que estar limpa por dentro. Caso contrário a água que ela irá distribuir estará suja, com impurezas, óleos, resíduos. Se ela já foi usada para outro fim antes, que não seja distribuir água, pode ser necessária uma limpeza profunda.

A nossa história de vida são as nossas impurezas. As mágoas que carregamos tem que ser tratadas. Os desejos que nos levam a pecar devem ser confessados e colocados diante de Deus. Não adianta esconder ou achar que as impurezas vão desaparecer sozinhas com o tempo. Admitir as nossas dificuldades diante de Deus nos leva a depender dele, e a permitir que ele aja em nossas vidas. Quando não estamos limpos, distribuímos água suja, contaminada com valores errados. Não temos essas impurezas por vontade própria, mas devemos admitir a sua existência, e pedir a Deus que nos faça limpos, para podermos levar uma mensagem limpa – água pura, cristalina, potável.

Em alguns casos a mangueira de jardim pode achar que levar só água não é o suficiente. Pode querer acrescentar algum “aditivo”, afinal, a água pura não tem gosto. Por que não incluir veneno para os insetos? Talvez esquentar um pouco a água, ou colocar algum corante para ela ficar mais divertida.

Nós fazemos isso quando achamos que o Evangelho não é o suficiente. Queremos passar também um pouco de tradição – as nossas tradições. Afinal, “foi assim que eu aprendi, e essa é a melhor maneira de se fazer isso”. Ensinamos que há uma forma certa de cantar, de ler a Bíblia, de discipular, de liderar. Não é esse o papel da mangueira de jardim. Estamos aqui para distribuir apenas a água. Água pura.

É importante também entender que a mangueira não pode ter vontade própria. O jardineiro é o Espírito Santo – é ele quem decide qual a parte do jardim a ser molhada. A mangueira não pode julgar o destino de sua água. “Aqui eu não molho”, “Essas flores são muito feias”, ou o pior: “Essas flores não são dignas de receber água”.

O Espírito Santo tem uma visão total do jardim e como cuidar dele. Ele sabe quem está pronto para ouvir o Evangelho. Ele sabe onde devemos servir, e qual tipo de mangueira de jardim usar para cada uma das funções – ou seja, os dons são diferentes. Cada pessoa é usada em funções e momentos diferentes. Devemos estar atentos ao Espírito Santo, para que ele nos mostre, a cada momento, qual a melhor forma de servi-lo.

Há mangueiras que começam a se comparar com as outras. Mangueiras de jardim que “se acham”. Seja pelo tempo em que já estão trabalhando no jardim, ou talvez pela beleza do jardim que foi regado por elas. Estas mangueiras olham para as plantas que um dia regaram e exclamam: “Que belo trabalho eu fiz aqui. O que seria desse jardim se eu não o tivesse regado?”. Estas mangueiras não entendem alguns fatos importantes: (1) toda mangueira de jardim é substituível. Ela deve estar satisfeita por ter sido escolhida para esse trabalho, mas não há mérito nisso (2) a mangueira de jardim é apenas um meio para o transporte da água. E cada mangueira é diferente uma da outra. E o jardineiro sabe a melhor forma de usar cada uma. (3) o jardim é muito grande, e a cada mangueira é usada para regar uma pequena parte desse jardim. Tanto no tempo como no espaço.

Há mangueiras de jardim que foram muito bem usadas durante algum tempo, mas não conseguem entender que o jardim muda. Acham que, pelo fato de terem sido usadas em uma parte do jardim em determinado tempo, devem ficar regando este local para sempre.

Isso é comum em pessoas que foram usadas por Deus, em determinado momento, em um ministério ou trabalho específico. Não conseguem entender que a obra é dinâmica, e as necessidades mudam. Acham que devem fazer o mesmo tipo de trabalho, da mesma forma, até o fim da sua vida. O jardineiro sabe onde cada um pode ser usado em cada tempo, mas alguns entendem que esse é o “seu ministério”, e “é aqui que Deus me chamou para trabalhar”. Porém isso aconteceu há 20 anos. As pessoas mudaram, as necessidades mudaram, o Espírito Santo já tem outra missão para esta pessoa, mas ela fica presa ao seu ministério do passado. Há mangueiras que estão regando em lugares em que nem mesmo há mais jardim. Estão regando as pedras!

Algumas mangueiras de jardim simplesmente não conseguem levar água, pois estão com nós ou dobras muito agudas em seu comprimento. Essas dobras em alguns casos diminuem a vazão de água e podem até impedir totalmente que a água passe. A pressão da água aumenta, podendo até prejudicar a própria mangueira.

Isso acontece com aqueles que querem servir a Deus, mas tem medo de falhar. Acham que não são capazes de fazer o que Deus lhes pede. Ou sabem o que deve ser feito, mas não suportariam se descobrissem que erraram neste caminho. Tem medo de não conseguir ouvir a voz de Deus, ou de tomar decisões erradas. A pressão de querer servir a Deus, associada ao medo de errar gera uma tristeza interior, que acaba em depressão.

Mas a pior mangueira é aquela que não está ligada à torneira. Aquela que não se alimenta da Água da Vida. Aquela que não tem o que distribuir. Ela é uma mangueira de jardim, está disposta a ser usada para distribuir água, mas não está conectada à fonte.

Há cristãos que param a sua caminhada cristã quando aceitam a Cristo como salvador. Não continuam buscando a Deus em um relacionamento diário com Ele. Não entendem que para servir a Deus é necessário estar conectado a Ele – ou seja, tem que ter o que compartilhar. Compartilhar a sua experiência de salvação é muito pouco. Deus quer se relacionar conosco todos os dias – e assim teremos o que compartilhar, também, todos os dias. Mas a busca pela comunhão com Deus deve ser diária, não apenas uma vez por semana.

É como pensar que podemos deixar de comer durante toda a semana e compensar isso comendo sete vezes mais aos domingos.

Mas essa já é outra parábola.