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O que aprendi sobre Deus na Paralimpíadas

By on set 10, 2016 in Coisas do Alto, Igreja | 0 comments

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Já comentei em outro texto
o que aprendi sobre Deus
trabalhando nas Olimpíadas.
Mas Deus também me
ensinou nas Paralimpíadas.

Ao final da transmissão da solenidade de abertura das Paralímpiadas, um comentarista perguntou ao outro qual o sentimento que poderia resumir tudo o que assistiu. Não me lembro a resposta dada, mas para mim foi a celebração da imperfeição.

Nem tudo deu certo. Algumas faixas não abriram totalmente, houve pequenos atrasos nas entradas, uma portadora da tocha chegou a cair antes de completar o seu trajeto. Mas estas “imperfeições” estão curiosamente alinhadas com os próprios atletas que entraram no estádio: Todos eles são, de alguma forma, imperfeitos. A passagem das delegações foi um grande desfile de muletas, cadeiras de rodas, próteses, costas arqueadas, membros atrofiados. Problemas de nascença, outros resultantes de acidentes, sequelas de doenças adquiridas durante a vida. A imperfeição visível nos seus corpos. Mas uma imperfeição assumida. Não há porque esconder a sua limitação. É inevitável a comparação desta imagem com o desfile dos atletas olímpicos: corpos perfeitos, musculatura trabalhada, postura de vitória, soando em alguns casos como arrogância.

paralimpico-1E essa é a primeira lição que aprendi: espiritualmente nós não somos como atletas olímpicos. Somos atletas paralímpicos. Cada um de nós tem alguma imperfeição, uma falha de caráter. Usando a palavra certa: pecado. Nosso pecado nos torna distantes do projeto de homem criado à imagem e semelhança de Deus.

paralimpicoO atleta paralímpico assume a sua limitação – não há como escondê-la. Essa limitação inclusive o classifica em grupos na competição. O atleta paralímpico não tem orgulho de sua limitação, mas a aceita, declara e se desenvolve dentro das possibilidades que tem.

Da mesma forma, espiritualmente precisamos aceitar nossa condição de deficiência espiritual. A limitação pode ser a demora em perdoar, ou orgulho interior, dificuldade em falar a verdade, medo, falta de fé em Deus. Esconder o pecado, fazendo de conta que ele não existe não muda nada. Enquanto pecado não é declarado e confessado, não há o que fazer.

paralimpico-2Esta é a segunda lição: somente quem assume a sua limitação pode receber ajuda. Disfarçar, tentar esconder as falhas, não assumi-las e – o pior – manter uma postura de superioridade, só faz com que a sua limitação seja ainda mais aparente. Como disfarçar uma prótese de um membro amputado. Como manter a postura quando se tem as pernas de tamanho diferente?

Confessai as vossas culpas uns aos outros… e não “escondei as vossas culpas”. Declarar a nossa imperfeição nos permite ser ajudados.

Na minha escala de trabalho nas paralimpíadas pude observar um nadador que não tinha ambos os braços. Outro nadador tinha nanismo. Enquanto o primeiro não conseguia retirar o seu próprio casaco, a dificuldade do segundo era subir na plataforma. Mas cada atleta tinha ao seu lado um auxiliar que o ajudava conforme a sua limitação.

paralimpico-3Assim vem a terceira lição: as limitações não são iguais. Somente na natação são 13 categorias diferentes, desde nadadores cegos, passando por amputados até os deficientes intelectuais. E cada um precisa, obviamente, de um tipo de ajuda diferente, em níveis diferentes.

Espiritualmente também não somos iguais. Cada um tem suas dificuldades, e elas são diferentes. A falha de caráter que você tem (leia-se pecado) pode não ser o problema de quem está ao seu lado. E vice-versa. A Bíblia nos diz que devemos confessar as nossas culpas uns aos outros e orar uns pelos outros (Tiago 5:16). Está implícito neste texto que todos temos culpas, mas também que todos nós podemos ajudar alguém. Se você é forte em algo em que seu irmão é fraco, a ordem é ajudá-lo e não condená-lo na sua falha. E se você é fraco em algo, peça ajuda para um irmão que não tem a mesma dificuldade que você.

Foi curioso ver, no desfile de abertura, um atleta em cadeira de rodas sendo empurrado por outro que mancava. paralimpico-4Enquanto o atleta na cadeira precisava do impulso, o atleta em pé usava a cadeira como apoio para manter o equilíbrio. Um precisava do outro.

E a quarta lição vem de assistir à bocha paralímpica. Em um das categorias os atletas praticamente só conseguem mover a cabeça. Eles têm que ser ajudados em praticamente tudo. Eles definem a estratégia da jogada, são levados até a posição na cadeira de rodas e, com a boca, posicionam a rampa e soltam a bola. É emocionante. Veja o vídeo.

Alguém que consegue mover apenas alguns músculos de seu corpo pode ser considerado um atleta? Sim, pode. Porque ele decidiu que há coisas que pode fazer, e ser um atleta é uma destas coisas. Sua limitação não é total. Ele não precisa mais do que a sua mente e a sua boca para participar da competição. Desde que tenha a ajuda adequada.

E você?

  1. Qual a sua limitação espiritual? Qual o seu pecado? Não adianta tentar escondê-lo.
  2. Você já buscou ajuda? Já pediu a alguém que ore por você e o acompanhe?
  3. Existe alguém à sua volta que você pode ser ajudado por você?
  4. A sua limitação está impedindo você de fazer algo? Peça ajuda.

smallgroupOs pequenos grupos – ou células – são o local ideal para que você ajude e receba ajuda. Uma célula é um ajuntamento de pessoas imperfeitas, que falam das suas lutas, dificuldades, pecados. Onde não há condenação, mas há uma mão estendida para você se apoiar na caminhada.

Afinal, cada um de nós tem algum tipo de imperfeição. Mas cada um de nós pode ajudar de alguma forma.


Leia também Três lições sobre Deus nas Olimpíadas.

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