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A história de Daniel e os impactos no ministério

By on set 21, 2024 in Coisas do Alto, Igreja, Pós | 0 comments

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Texto apresentado na Disciplina de Velho Testamento e Ministério – Pós Graduação em Teologia e Ministério

Um grande desafio para o homem moderno é entender como pode interagir com um mundo dito secular sem abrir mãos dos valores bíblicos, e ainda ter sucesso em seus negócios. Inicialmente parecem ser dois objetivos inalcançáveis, pelas distorções que existem em nossa sociedade. Brian Griffiths diz que “a Igreja cristã sempre achou difícil chegar a um acordo com o mundo dos negócios”[1].

Daniel vem nos mostrar que isso é possível. Ele foi um jovem retirado de seu ambiente de crescimento e educação – o reino de Judá – e levado para um ambiente que a princípio parece ser totalmente desfavorável à manutenção dos valores recebidos de seu povo.

O texto bíblico mostra que Daniel não abriu mão de seus valores, e ainda assim teve lugar de destaque durante o reinado de três governantes distintos: Nabucodonosor, Belzasar e Dario.

Observe-se que o rei Dario, o medo, tinha não somente total confiança em Daniel[2], mas também ficou aflito quando entendeu que havia caído em uma cilada[3] para matar Daniel. Da mesma forma, o rei Belsazar chamou Daniel para a interpretação da visão que teve durante o banquete que terminou com a sua morte[4].

Como alguém de uma cultura tão distinta consegue ao mesmo tempo ter uma conduta relevante junto ao governo de seu tempo sem precisar abrir mão de seus valores? Com integridade. Daniel foi íntegro, foi consistente. Não negociou as suas posições. E isso fica muito claro desde o momento da sua chegada à Babilônia, ainda quando jovem. No reino da Babilônia, os jovens mais inteligentes e que se destacavam nos reinos e áreas conquistadas eram trazidos para a sede o império, onde eram instruídos na cultura local. Essa educação envolvia tanto a língua como a literatura[5]. Observe-se inclusive que essa imersão cultural também se aplicava ao próprio nome dos jovens, que foi trocado logo que chegaram à Babilônia[6].

Nesta ocasião, Daniel, notou que não poderia deixar que essa imersão envolvesse a quebra de seus valores, e negociou com o chefe dos oficiais a possibilidade de evitar a contaminação de seus corpos com alimentos e bebidas do rei. Eles iriam receber a mesma comida servida ao rei, mas sabiam que a sua preparação envolvia cerimônias pagãs[7]. Daniel não foi rebelde à ordem recebida, mas sábio, ao propor a comparação entre o grupo formado por ele e seus amigos com jovens de outros povos por um período de 10 dias. Esse compromisso de Daniel e seus amigos foi recompensado por Deus, que deu a eles “sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos cultura e da ciência”[8].

Outro item de relevância é a compreensão de que a sua capacidade não é própria, mas dada por Deus. Apesar de Daniel já ter inteligência e habilidades fora do comum[9], ele afirma que a sua capacidade vem de Deus. Essa declaração de Daniel aparece tanto na interpretação do sonho de Nabucodonosor[10], e é confirmada pelo próprio rei, que vê em Daniel a capacidade de interpretação dada por Deus[11]. A capacidade de Daniel era notória e conhecida entre os babilônicos, a ponto de ser citada pela rainha da Babilônia[12] muito anos depois, quando Daniel já era idoso[13]. Essa declaração da dependência de Daniel do poder de Deus também é feita por ele tempos depois, quando é retirado da cova dos leões[14].

Observe-se também que Daniel não foi intimidado quando uma lei foi criada especificamente para prejudicá-lo[15]. Não foi reclamar ao rei, de quem era próximo, mas ao próprio Deus, sem se incomodar que o ato de orar a Deus tinha se tornado explicitamente ilegal[16].

A história de Daniel nos mostra que a manutenção da integridade e valores divinos em um mundo caído são não apenas possíveis, mais recompensados por Deus, desde que se compreenda que não se trata de um esforço próprio, mas da dependência de Deus cada momento.


[1] Brian Griffiths, The Creation of Weath, citado em “Deus e o Mundo dos Negócios”, de Paul Stevens.

[2] Livro de Daniel, capítulo 6 verso 2.

[3] Licro de Daniel, capítulo 6 verso 14.

[4] Livro de Daniel, capítulo 5.

[5] Livro da Daniel, capítulo 1 verso 3.

[6] Livro de Daniel, capítulo 1 verso 7.

[7] Bíblia de estudo NVI, comentários ao texto de Daniel capítulo 1 verso 8.

[8] Comentário sobre o verso 17 do capítulo 1 do livro de Daniel, Bíblia de Estudo NVI.

[9] Manual Bíblico SBB, pg 473.

[10] Livro de Daniel, capítulo 2 verso 28.

[11] Livro de Daniel, capítulo 4 verso 18.

[12] Livro de Daniel, capítulo 5 verso 11.

[13] Manual Bíblico SBB, pg 475.

[14] Livro de Daniel, capítulo 6 verso 22.

[15] Livro de Daniel, capítulo 6 verso 5.

[16] Livro de Daniel, capítulo 6 verso 11.

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