Tolerância zero, no âmbito da segurança pública, se refere a um modelo de trabalho em que a força policial é especialmente intransigente com delitos menores, como não pagar o transporte público, a prostituição, os pequenos furtos, etc. O objetivo é incutir na população o hábito do respeito à legalidade, o que produziria em médio prazo uma redução nos índices de microcriminalidade, mas com uma diminuição dos delitos de maior importância no médio e longo prazo. Este conceito ficou bastante conhecido quando aplicado na cidade de Nova Iorque pelo prefeito Rudolph Giuliani.
Um exemplo oposto está ocorrendo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, quando a prefeitura, visando viabilizar uma ocupação para a população desempregada, decidiu fazer “vistas grossas” ao comércio ambulante, antes razoavelmente regulado. O resultado foi uma inundação de camelôs e vendedores de rua, comercializando produtos roubados ou falsificados, e gerando uma concorrência tão grande com o comércio formal que está causando o fechamento de diversas lojas, especialmente no centro da cidade.
O conceito de tolerância zero deve ser aplicada à nossa própria vida espiritual – o que poderia ser chamado de auto-tolerância espiritual zero. Não se trata aqui de procurar falhas e pequenos escorregões na vida dos outros, mas de praticar um auto-exame diário, buscando pequenas coisas e atitudes que nos impedem de ouvir a voz do Espírito Santo.
De forma similar a situação de uma cidade, a tolerância a pequenas atitudes incorretas gera a um relaxamento em nossa disciplina. Afinal, “ninguém é perfeito”, e “não se pode ser santo o tempo todo”. Essa aceitação do erro sem confissão e abandono da atitude nos leva a pecados cada vez maiores. Cada vez que, racionalmente, tentamos justificar o nosso pecado diante de Deus, estamos impedindo o Espírito Santo de nos mostrar em ensinar coisas maiores. Pois se não aceitamos a orientação e correção do Espírito nas pequenas coisas, como vamos ouvir a voz de Deus para as grandes coisas?
A racionalização dos nossos pequenos pecados nos impede de deixar que Deus haja em nossa vida. Começando pela sonegação de pequenos valores em impostos, estacionamento em locais inadequados, furar filas. Passando por ignorar a necessidade de outras pessoas, preguiça e procrastinação nas coisas de Deus. Chegando a mágoas não resolvidas com irmãos, respostas grosseiras e dadas por impulso, soberba espiritual. Começamos deixando passar coisas pequenas e aparentemente sem importância, mas terminamos com atitudes que trazem consequências bem maiores e acabam por nos afastar de Deus.
Deus requer de nós que sejamos irrepreensíveis – isso não significa que não temos pecado, mas que todo pecado é confessado imediatamente quando identificado. Assim, quando alguém vier nos repreender podemos dizer: “sim, Deus está trabalhando comigo nisso”.
Proponho aqui a auto-tolerância espiritual zero. Não deixe passar nada. Mantenha-se em sintonia com o Espírito Santo para que ele mostre o que deve ser corrigido na sua vida. Não peça grandes revelações enquanto você não é capaz de seguir as pequenas revelações que Ele tem te dado sobre você mesmo.
“Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei” também se refere à ação do Espírito Santo na nossa vida.
25 de setembro de 2017
Que mensagem relevante para todos nós. Somos inclinados a justificar os nossos erros (às vezes nem os chamamos mais de pecados) ou a focarmos apenas nos grandes…e isso nos leva a uma vida muito aquém da que nos é proposta por Jesus.